22 fevereiro 2016

O CHAMADO MINISTERIAL MORREU?


O CHAMADO MINISTERIAL MORREU?

Uma triste constatação é a de que o chamado ministerial praticamente está morrendo. O que vem ocupando seu lugar é o nepotismo eclesiástico. O que mais me chama a atenção está o fato de que a igreja passou a ser propriedade de homens que veem redefinindo o chamado ministerial como sendo sucessão hereditária. Isso acontece em um percentual cada vez maior de igrejas. Se Deus promove o crescimento de uma determinada igreja e consequentemente seu patrimônio expande, logo, vemos o pastor presidente atrair para o ministério os seus parentes, como uma tentativa de preservar o patrimônio e mesmo achar que estes atraídos serão melhores gestores que outros.  Mas também vejo outra faceta neste comportamento é de colocar filhos, irmãos e outros parentes no mercado de trabalho. Não estou dizendo que  filho de pastor não possa ser chamado para o ministério pastoral, mas via de regra, o que acontece é que tais pessoas se apresentam para a vida como desqualificados e inapropriados e então os pais, para ajudá-los, colocam no ministério. Em muitos casos os filhos dizem que não se veem no ministério pastoral, mas os pais fazem ouvidos moucos e os colocam à força.
Esse comportamento fere frontalmente a soberania do Espírito Santo, pois é este Espírito que separa e chama homens para o ministério e não a livre decisão de um líder que quer beneficiar os seus. É o Espirito Santo que promove a construção do corpo de Cristo, a igreja. Portanto, todos os cargos através dos quais se realiza esta obra, devem ser designados por Cristo e instituídos pelo Espirito Santo. Quando um pastor se arroga no direito de preencher a vacância no ministério pastoral através de decisão própria, isso não constitui uma ofensa ao Espírito Santo?
Vejamos o exemplo do preenchimento do cargo de apóstolo logo após a morte de Judas. Cristo havia subido ao céu e ainda o Espírito não havia sido enviado. Os apóstolos vendo a necessidade de preencher o cargo vago deixado por Judas, oram a Deus e lançam sorte sobre dois nomes. Matias é selecionado. Mas houve aprovação por parte de Deus para este ato? Se o cargo era designação de Cristo e sua instituição era função do Espirito, então algo estava acontecendo sem a anuência do Espirito. Matias nunca mais é mencionado como integrante dos doze apóstolos, mas logo depois (uns dois anos) o Senhor Jesus pessoalmente chama a Paulo e este vai se designar assim:Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por meio de homem algum, por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos”. Gl. 1:1.
O preenchimento do ministério pastoral deve se dar exatamente como se deu no princípio. Um tempo de oração e espera deve preceder a indicação do Espirito e nunca a decisão de um homem que entende ser assim, afrontando a soberania do Espírito Santo. Sim oração e espera no aguardo da orientação de Deus, submissão santificada a sua vontade quando é dada a conhecer, Ele vai escolher pastores e pô-los sobre os rebanhos designados.
O quadro descrito em Apocalipse é maravilhoso. O Senhor que anda no meio dos candeeiros e tem as estrelas em suas mãos. Aponta para o senhorio de Cristo no meio da igreja e o cuidado do mesmo com os pastores que escolheu. Este que anda no meio dos candeeiros não sabe exatamente o que sua igreja precisa? Por que homens arbitrariamente devem se intrometer naquilo que é alçada do Senhor da Igreja através do seu Espírito? Essa arrogância tem seu preço e este preço é a morte da igreja local, é o esvaziamento do poder vital do Espírito no meio dela.
Não se pode confiar nem na maioria e nem na minoria quando não existe a espera paciente diante do Senhor para que este designe os pastores que quer para a igreja. Quando a ação do homem sobrepuja a do Espírito o que vai se ouvir da parte de Deus é:ICABODEfoi-se a glória do Senhor. Isso poderia ser traduzido como: “Quando a vida perde o Brilho e a vitalidade”. A nora do sacerdote Eli quando soube do extravio da arca e da morte do sogro e marido deu a luz a um filho e quando morria sem forças pronunciou o nome da criança “Icabode”, descrevendo o que seria a vida de Israel dai para frente, vida sem brilho e vitalidade.
Quando ocorre o desprezo da soberania do Espírito Santo a igreja ainda continua com aparência de vida, com ritos já consagrados e comportamentos instituídos, mas falta-lhe brilho e vitalidade. Tem aparência, mas não tem vida. Tem movimento, mas não tem dinamismo. Possui dinheiro mas falta o levanta-e e anda.
A soberania do Espírito precisa ser redescoberta e vivenciada pela igreja no sec. XXI.  A igreja precisa reagir aos regimes autocráticos que se perpetuam em seu seio. Caso contrário mais sofrimento e descredito se apresentarão para a igreja.
Pastores, reajam bem a soberania do Espírito! Aguardem pela voz do Senhor da seara em oração e paciência. Deus será glorificado.

Soli Deo Gloria

Pr. Luiz Fernando R. de Souza

6 comentários:

  1. Um tema inquietante. Há diferença entre sucessão e substituição. Uma é processo, a outra, um ato. De fato, em muitos casos o Pai torna a liderança de uma instituição em linha genética. É mais cômodo, além de manter o poder. Sem generalizar - afinal, filhos com dons e sob a escolha do Espírito para liderar (honrosas exceções), não devem sofrer por conta da prática de se "dêenealizar" um cajado, afinal, há riscos em garantir a descendência quando se afronta a soberania de Deus.

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    1. Verdade Pr. Geraldino. Essa tendência não se muda no curto prazo e como bem você disse tornar-se em algo inquietante. O Senhor da igreja precisar agir rapidamente.
      Deus o abençoe ricamente.
      Um abraço.
      Em Cristo.

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  2. De fato, é um assunto que precisa estar em pauta, discutido e avaliado a luz da palavra, o Cabeça da Igreja é Jesus, e não podemos de forma alguma consentir com ações que pouco se alinham a vontade do Espirito Santo.
    Achei muito pertinente, e tomei a liberdade de replicar este conteúdo, conservando e respeitando as fontes

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    1. Prezado colega Pr. George, o que mais tenho visto em Belo Horizonte e no estado de Minas é esta prática nefasta para o Reino. Houve casos em que pessoas designaram os filhos de pastores que assumiram a presidência da igreja de perversos. Essa realidade será dura de ser mudada. Um forte abraço. Em Cristo

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  3. Acompanhando as postagens!!!
    Em Cristo
    Andréia

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  4. Robernane Ferreira Lima24 de fevereiro de 2016 às 19:29

    Alguns filhos de pastores mal sucedidos profissionalmente, ou com uma má fama entre as mulheres da igreja, ou com alguma formação acadêmica em administração, ou que tem uma facilidade para falar em público, ou cantar, são enviados para algum país onde aprendem técnicas de administração eclesiástica, como se portar diante de uma câmera de TV, e consequentemente, como 'assumir' o lugar do pai. A dinastia eclesial é uma realidade.

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