Postagem replicada
Quanto
mais tempo passa fica mais clara a necessidade de um novo modelo de
igreja para o presente momento. Muitos teóricos criticam o modelo
vigente dizendo que vivemos em uma era pós-cristã, que a igreja como a
tínhamos não mais atraí as pessoas e que agora comunidades sem bandeira
denominacional fazem parte do cardápio do momento. No entanto essas
comunidades diferenciadas seguem os mesmos modelos só que travestidos de
modernidade. Acham que se não houve pastor e sim um líder leigo tudo
será diferente. Tentam abolir o dízimo e creem que somente a Ceia do
Senhor deve ser mantida como sacramento ou ordenança. Isso tudo
evidencia que algo precisar ser mudado e rápido. Tenho visto muita
discussão se as mudanças passariam por uma reforma na igreja ou por um
viés de reavivamento. As argumentações mais tendentes entre os cristãos
tradicionais caminham pela via da reforma seguindo um dos grandes motes
da Reforma do século XVI “Ecclesia reformata et semper reformanda est”,
Igreja Reformada Sempre se Reformando. Pelo lado pentecostal ou avivado
o mote de décadas é avivamento sempre ou busca pelo poder do Espírito
Santo. Aí ficamos em um dilema sem solução. O lado tradicional querendo
uma volta ao cristianismo primitivo e os pentecostais querendo a mesma
coisa só que através de reavivamento.
Um receia uma profunda experiência com o Espírito e o outro de se ver engessado dentro de uma camisa de força da tradição. Creio que a via intermediária seja uma boa solução.
Creio
que não precisa ser um em detrimento do outro, ou seja, reforma ou
reavivamento. Para mim pode ser reforma e reavivamento. Em nada
adiantaria uma reforma sem reavivamento e não surtiria efeito algum um
avivamento sem reforma.
Reforma sem reavivamento é odre sem vinho e reavivamento sem reforma e vinho sem odre.
Um precisa do outro e foram feitos um para outro. Precisamos sim de uma
reforma para expurgar os acréscimos feitos ao evangelho ao longo de
décadas que o descaracterizam. Sim, precisamos urgentemente de uma
reforma, pois a igreja vem acrescentando comportamentos e doutrinas
totalmente alheias ao evangelho. Vem perdendo seu vigor diante de uma
sociedade cada vez mais cética e pluralista. A igreja não está
conseguindo alcançar várias camadas da sociedade e vem deixando esse
espectro social à deriva. Uma reforma colocaria a igreja novamente nos
trilhos e a faria ser mais efetiva e eficaz em seu chamado. Muitos
entendem por reforma uma mudança radical nas práticas eclesiológicas e
litúrgicas, introduzindo assim elementos estranhos ao culto como: dança
profética, capoeira gospel, luta livre antes de suas reuniões para
atrair os jovens etc. Nada disso tem provocado a reforma tão esperada,
mas simplesmente descaracterizado o culto e banalizado o sagrado. Isso
não constitui reforma. Uma volta às doutrinas reformadas e à
simplicidade do evangelho surtirão os efeitos desejados por muitos. Mas
ai aparece o contraditório. Um retorno ao princípio necessariamente
passa por reavivamento. Uma volta ao princípio nos colocaria frente a
frente com o Espírito Santo e consequentemente com uma vida dinâmica. O
problema é que para muitos reavivamento significa confrontos com
demônios, sucessão de correntes das mais variadas formas, quebras de
maldições, unções de todos os tipos e isso não tem dinamizado a igreja,
pois o que por traz se encontra é a busca exacerbada por maior
visibilidade, poder e dinheiro. A igreja está morrendo de inanição
diante destas tentativas de reavivamento. Reavivamento é atuação
soberana do Espirito Santo dinamizando a igreja de Cristo de tal maneira
que pecadores se reconhecem pecadores indo para o inferno e buscam
abrigo na Cruz do Calvário. Reavivamento é a igreja sendo energizada
pelo poder de Deus e cumprindo o ide de Cristo com maior competência.
Isto implica em deixar de viver da força da carne e se guiada pelo
Espírito. Muitos acham que reavivamento é total ausência de tradição,
verdade, doutrina e caráter, mas antes pelo contrário, reavivamento é
termos bem presentes nossas origens, nos pautarmos pela verdade da
Palavra, seguirmos o norte da Sã Doutrina e demonstrarmos um caráter
transformado pelo evangelho de Cristo.
Sim,
precisamos de reforma e reavivamento urgente. Precisamos das doutrinas
reformadas e um retorno à simplicidade do evangelho e isso orvalhado
pelo poder revitalizador do Espírito Santo. Precisamos de odres e vinhos
compatíveis. Quando vivermos um reavivamento veremos crescer entre as
pessoas um senso de pecado e pequenez diante do Deus todo poderoso.
Vivemos dias onde os cristãos não se acanham em pecar e fazem isso
naturalmente. Mas cheios do Espírito a primeira impressão no coração do
homem é de inadequação diante de Deus. Pecados são confessados e
abandonados. Tenho visto pastores que vivem no limite do pecado e
esperam vencer as tentações e o mesmo se dá com cristãos. Só venceremos o pecado quando o temermos. Ai sim, fugiremos dele. Só
venceremos o pecado quando formos colocados face a face com o Senhor
nosso Deus e então ficarmos impressionados com sua santidade. Sim, precisamos de reavivamento urgente.
Alguém
dirá: como compatibilizar reforma e reavivamento? Nosso maior exemplo
está em Jonathan Edwards. Teólogo e filósofo. Pastor e pensador. Viveu
no século XVIII e morreu com a idade de aproximadamente 55 anos. Era um
pastor calvinista que experimentou um poderoso avivamento em seu tempo.
Em sua comunidade Edwards catalogou mais de 300 conversões em uma
população de aproximadamente 2000 habitantes. Presenciou pessoas sendo
transformadas maravilhosamente pela graça de Deus e as alimentou com
sermões puramente embasados na doutrina reformada. Jonathan Edwards era
assim: Nem crédulo nem hipercrítico, sempre examinando os dois lados.
Sempre buscando o equilíbrio. Foi o primeiro pastor e filósofo a
catalogar as experiências ocorridas em um avivamento e escreveu sobre
estes fenômenos.
Não nos resta
muita coisa a fazer a não ser voltarmos para a Palavra e sermos cheios
do Espírito Santo, caminho este plenamente bíblico e necessário. Caso
contrário vivenciaremos tempos áridos, com pouca colheita, baixo nível
de santidade e um quase total desprezo pela Palavra.
Sim, é possível vivermos uma reforma com reavivamento. Creio que esta seja uma boa receita para a igreja no séc. XXI.
Soli Deo Gloria
Pr. Luiz Fernando R. de Souza
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