Tenho observado com muita
tristeza e indignação a nova tendência de pastores divorciarem por qualquer
motivo e insistirem em permanecer nos púlpitos, igrejas e ministérios como se
nada tivesse acontecido. Uma das características do ministério pastoral é o
pastor ser marido de uma só mulher. Deus em sua santa Palavra se pronuncia
contra o divórcio várias vezes e mesmo assim aqueles que deveriam dar exemplos
de boa convivência familiar vivem o contrário daquilo que pregam e ensinam. Isso
faz com que o ministério pastoral seja alvo de pessoas menos qualificadas, com
passados conturbados e um presente angustiante tentando ancorar suas vidas
derrotadas no porto do ministério pastoral. As igrejas, por sua vez, ao
aceitarem tais comportamentos estão cedendo espaço para o mundanismo e mesmo
acolhendo o pecado onde deveria haver santidade. Sei que ao abordar tal tema
mexerei em caixa de marimbondo e desagradarei a muitos, mas como este comportamento
está se tornando em exemplo para muitos jovens pastores, creio que algum contra
ponto deva ser manifestado.
Por que o pastor não deve
ser divorciado?
Quero
ressaltar que escrevo sobre pastores que divorciaram porque cometeram adultério
ou mesmo abandonaram seus lares para formarem outros sem base bíblica para tal. Outros casos de divórcio serão analisados em outro
momento.
1.
Porque Deus não favorece o divórcio.
Lemos
em Mal. 2:16 uma clara reprovação do Senhor. Isso deveria bastar para um
cristão normal, muito mais para um que foi “chamado” por Deus. Deus em
sua Palavra aponta para uma liderança sólida e esta solidez tem seu alcance na
vida familiar. O plano de Deus é que os pastores sejam exemplos de vida
familiar.
2. Porque os
pecados sexuais mancham o povo de Deus.
O
pastor longe de manchar o povo de Deus deve cuidar dele com o amor de pai ou
mãe. Esse é retrato claro que o apóstolo Paulo apresenta em I. Ts. 2:7; 11 “Antes
fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos. Assim como bem sabeis
de que modo vos exortávamos e consolávamos, a cada um de vós, como o pai a seus
filhos”. Sendo o pastor um líder na igreja qual a melhor qualificação
teria senão a liderança espiritual em sua própria família? Se quisermos
conhecer um homem e sua liderança, se ele vive uma vida exemplar, se ele é
coerente, se pode ensinar, exemplificar a verdade, conduzir as pessoas à
salvação, à santidade e ao serviço de Deus, então observe os relacionamentos
mais íntimos de sua vida e veja se ele consegue cumprir essas coisas. Observe sua
vida familiar. Aí você tem a fonte de boas informações. Muitos homens trabalham
duro na obra de Deus, mas não conseguem levar seus filhos a uma vida de piedade
e temor ao Senhor. Tais homens não se qualificam para o ministério pastoral,
pois o ministério pastoral é um processo de paternidade em que o pastor deve
ser capaz de liderar seu povo tanto por meio de sua vida como através de seus
preceitos e a igreja necessita de alguma indicação que isso ocorre com seus
pastores e esta indicação é o lar.
Para
a maioria dos homens a família é a arena em que se pode avaliar a liderança
espiritual. Um pastor que destrói sua família através de pecado sexual está
destruindo a si mesmo.
3. Porque a
moralidade sexual é o padrão para o ministério pastoral.
Na
carta de Paulo a Tito está escrito: “Aquele que for irrepreensível, marido de uma
mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de
dissolução nem são desobedientes”. Aqui vale destacar que no grego a expressão “marido de uma só mulher” quer dizer
literalmente: “homem de uma só mulher”.
Aqui está uma afirmativa paulina enfática e aguda. “homem de uma só mulher”,
deve ser padrão para o ministério. Mas como preencher esta característica se o
pastor caiu em adultério, divorciou-se e contraiu novo matrimônio? O pastor
deve ser o primeiro a dar o exemplo de moralidade para sua congregação e isso
com um testemunho robusto de uma vida familiar saudável. É incompatível
imoralidade com ministério pastoral. Fica evidente que a capacidade de um homem
em conduzir o próprio casamento e lar indica sua capacidade de administrar a
igreja local (I. Tm. 3:4-5).
4. Porque a
imoralidade sexual desqualifica para o ministério pastoral.
A
Bíblia ensina claramente que se alguém falha no campo da moralidade sexual está
desqualificado de vez para o ministério pastoral. Com certeza, queremos que
aqueles que caíram em pecado sexual sejam restaurados para o Senhor e a
comunidade, mas as qualidades ou qualificações bíblicas exigidas de alguém que
pregue a Palavra de Deus e seja identificado como pastor excluem dessa função
em uma igreja que deseja agradar a Deus.
Muitos
acham que se os pastores que caíram em pecado se arrependerem e pedirem perdão
a Deus, tudo estará resolvido. Ledo engano. O perdão de Deus não traz de volta
a qualificação ou as qualidades obrigatórias para o ministério pastoral. A
primeira qualificação que Paulo aponta para aquele que deseja ser pastor é ser
irrepreensível. Irrepreensível no grego é anengklêtos, literalmente o pastor não será reprovado, em outras palavras
será “inculpável”, ou estará “livre de ressalvas”, “sem
ter por onde pegar”. Logicamente irrepreensível não se refere a uma
perfeição impecável, caso contrário nenhum homem estaria qualificado para o
ofício, mas a um padrão elevado e maduro que implica em um exemplo coerente. É exigência
de Deus que seu despenseiro viva de maneira santa, de tal forma que sua
pregação nunca seja contraditória ao seu estilo de vida, que suas faltas nunca
tragam vergonha ao ministério e sua conduta não mine a confiança do rebanho no
ministério de Deus.
O
apóstolo Paulo entendia perfeitamente a rudeza do ministério pastoral. Sabia que
deveria se apresentar sempre qualificado para o ministério dai dizer: “Antes
subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu
mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado”. I Cor. 9:27.
Deus
não qualifica os não chamados e nem chama os nãos qualificados.
5. Porque a
imoralidade sexual do pastor leva a igreja a ser envergonhada.
Como
a igreja pode ser padrão para o mundo se a começar por sua liderança a
imoralidade é vivida e aceita como normal? Como falar de moral e apontar para
um patamar superior se sua liderança já rolou ladeira abaixo? A igreja perde
seu poder de salgar e iluminar quando sua liderança se tornar insípida e sem
luz. O pastor é o cartão de visitas de uma igreja. Tal pastor, tal igreja. A estatura
moral e intelectual de uma igreja nunca será maior que a de seu pastor. Uma igreja
nunca excederá a estatura de seu pastor. Um pastor que desonra uma igreja caindo em
pecado sexual a está empurrando ladeira abaixo da vergonha. Esta igreja será
desprezada pela comunidade na qual está inserida. Sua voz terá sido arrancada
pelo pecado de seu pastor.
6. Porque muitos membros da igreja seguirão o exemplo do
seu pastor.
Muitos
casamentos se sustentam porque vêm nos pastores exemplos a serem seguidos. Mas se
a liderança rompe com sua família qual exemplo terão para seguir? Com qual
moral pastores divorciados aconselharão casais em crise? Mas acho muito difícil
que alguém que passe por uma crise conjugal busque aconselhamento com aquele
que não conseguiu levar seu lar adiante.
Termino com uma palavra
para os pastores.
·
Que tenhamos a
firmeza de permanecermos fieis à nossas esposas diante dos apelos do mundo, da
carne e do diabo.
·
Que diante das
crises conjugais encontremos na oração, na Palavra e no dialogo os caminhos da
reconstrução de nossos lares.
·
Que no embate da
luta tenhamos um companheiro fiel e idôneo em que possamos confiar e partilhar
nossos temores e dores.
·
Quando as ondas
da vida tentarem afundar nossas famílias, que possamos falar com aquele que
acalma o mar.
·
Que possamos
esperar o agir do Senhor e não nos precipitarmos no caminho do divórcio.
·
Nem sempre nossa
visão de uma situação corresponde à realidade. Não confiemos em nossos
sentimentos, mas nos fiemos na Palavra.
·
Lembremo-nos que
maior é Deus.
·
Voltem-nos para a
Palavra que diz que: “Meus irmãos, tende
grande gozo quando cairdes em várias tentações; Sabendo que a prova da vossa fé
opera a paciência. Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que
sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma”. Tg. 1:2-4
·
Que esteja claro
para nós que o Senhor nosso Deus é soberano e tudo dirige e age para o nosso
bem.
Soli Deo Gloria
Pr.
Luiz Fernando R. de Souza
‘