Gostaria de apontar algumas situações que tem me levado a obviar tais comunidades e líderes.
1 - Tenho visto com muita freqüência uma nociva insistência por parte de um grande percentual da liderança evangélica em desprezar o saber e principalmente o saber teológico. Insistem em desprezar a história e suas lições. Insistem em abandonar os marcos deixados e fazendo assim encontram-se sem parâmetros para seus comportamentos. Creio que a busca por uma teologia sadia é mais dolorosa do que a aceitação tácita de heresias grotescas. O grande problema é que quanto mais as lideranças distanciam da Sã Doutrina mais comprometidas ficam com os erros doutrinários e depois não possuem a hombridade de voltar atrás. Muitos líderes ouviram o galo cantar e não sabem onde. Ouviram algumas afirmações no passado e nunca procuraram saber se eram ou não verdadeiras. Em meu tempo de mocidade havia um livro que fez muito sucesso. Seu autor era Don Gosset e o livro era Há Poder Em Suas Palavras. Virou Best Seller. Aceitávamos como verdade as palavras do autor, pois, este era americano e se era bom para os americanos deveria ser bom para os Brasileiros. Conceitos distorcidos que durante anos vivi. Mas como Paulo disse em sua carta aos corintos chegou o tempo de deixar as coisas de menino e buscar as coisas de adulto. Aprendi na faculdade que é preciso dialogar com os autores e checarmos as bases de suas afirmações. Procurar encontrar o cerne ideológico dos mesmos e separar joio do trigo. Depois de muitos anos percebo que boa parte da liderança evangélica ainda aceita acriticamente os livros e nunca empreendem um diálogo com seus autores. Estão assentados em bases frágeis e se aferrenham a elas como bóias salva-vidas. Quase sempre não se abrem para outros pontos de vistas e insistem em argumentos ultrapassados e com data de validade vencida.
Realmente existe uma resistência à pureza do Evangelho simplesmente por falta de amor à verdade como Paulo disse. “Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade”. II Tm. 3:7 - II Tes. 2:10.
Pecados de lideranças devem ser tratados com a maior intensidade possível, pois, seus exemplos são seguidos por muitos. Cristo disse que “... e, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá”. Lc. 12:48.
Ficou normal um líder se divorciar e permanecer na mesma igreja como se nada tivesse acontecido. A igreja perdoa e tudo continua bem. Isso é uma aberração em nosso meio. Como permanecer na liderança aquele que não governou bem sua casa? Se houve adultério por parte da liderança, que exemplo foi dado para a igreja principalmente para os jovens. Muitos pensarão e agirão assim: “se o pastor pode também nós podemos”.
E o que dizer sobre os pecados contra a Palavra? Afirmações grotescas que ultrapassam e contradizem a Palavra de Deus são tidas como verdadeiras. Quem faz tais afirmações por ter grande visibilidade torna-se oráculo celestial inquestionável e infalível.
Aqui está em foco a igreja, seus membros. Essa tendência de aceitação acrítica de tudo que é exarado dos púlpitos é algo doentio. Pessoas com grandes capacidades mentais em seus segmentos de atuações se anulam dentro das igrejas, pois, têm medo de pecar contra Deus. Vêm as maiores aberrações sendo derramadas sobre suas mentes e nada dizem. Tais pessoas andam no limite da idiotice. Não existe incompatibilidade entre fé e conhecimento. Nunca existiu. Qualquer afirmação que Deus revelou ou falou deve passar pelo crivo, crisol da Santa Palavra de Deus e se se constatar desvio deve ser desprezada por completo.
No meio neo-pentecostal isso é contumaz. Aceitam tudo como sendo de Deus e mesmo que ofenda a Palavra vale mais a pseudo-revelação. Isso da enjôo em qualquer um. Vi uns vídeos postados no youtube onde o pregador advinha a rua, o número da casa e trabalho das pessoas. O pregador dizia o tempo todo assim: “to entendendo Jesus, to entendendo Jesus...”. O que mais me entristeceu foi que pessoas que conheço pessoalmente aceitaram acriticamente tais coisas e achavam que eram revelações de Deus. Esse tipo de revelação já virou coisa comum no meio evangélico. A postura desses pregadores dá a entender que possuem uma comunhão especial com Cristo e que recebem revelações diretas e se intitulam profetas de Deus. Não pregam a Palavra, mas promovem espetáculos para as massas. Como diziam os romanos: “panis et circenses”. As pessoas rodopiam, caem, são arrebatadas, pulam como cangurus, choram e depois percebem que nada mudou. Paulo nos adverte contra tais homens: “Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, É soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. Mas é grande ganho a piedade com contentamento”. I Tm. 6:3-6.
Creio firmemente que as igrejas neo-pentecostais e suas lideranças inaptas estão jogando o evangelho ladeira abaixo. Creio que os estragos feitos são irreparáveis. Creio que o desprezo pelo ministério tem trazido mais vergonha do que glória para o nome de Cristo. Creio que o momento da igreja tenha passado no Brasil. Creio que os maiores culpados são aqueles que se calam covardemente diante de tais atrocidades. Creio que cada pastor consagrado sem o devido preparo, guardando as devidas proporções, será uma porta aberta para heresias e comportamentos exóticos e anti-bíblicos.
Por haver uma insistência em desprezar a Palavra o que sobra é a exaltação das emoções. Vale mais o sentir. Vale mais o arrepio. Vale mais o sensorial. Estou cansado de ver idolatria na igreja. Sim, idolatria mesmo. Quantos cultos têm como maior atrativo a entrada de um modelo da arca da aliança com seus querubins etc. Os líderes se vestem com longas batas e o povo e incentivado a tocar neste embuste em forma de arca da aliança. Em uma galeria em Belo Horizonte existe boxe somente para vender coisas ligadas à idolatria como: candelabro de sete pontas, modelos variados da arca da aliança, óleos especiais para unções variadas etc. Fiquei sabendo que em uma cidade do interior mineiro abriram uma loja gospel que vende kits para campanhas nas igrejas. Tudo já vem pronto é só pegar e distribuir. Se os kits não estiverem no balcão abrem um catálogo e você escolhe o que melhor lhe convier.
Precisamos encontrar o equilíbrio entre razão e emoção. Nossos cultos podem e precisam ser vivenciados com emoção, mas nunca emoção desprovida de razão. Paulo aponta para que nossos cultos sejam racionais e íntegros, mas isso virou carência.
Como vivemos em uma sociedade Fast Food, as soluções para vida também devem ter essa característica. As igrejas estão oferecendo soluções milagrosas a qualquer custo. Estão oferecendo soluções que nunca chegarão. Afirmações mentirosas e incabíveis são feitas para atrair os incautos. As pessoas querem o imediato o curto prazo. Daí termos profecias esdrúxulas e mundanas. Quem não se interessa ou quer ter vitória financeira rapidamente? Quem não ofertaria dinheiro para alcançar cura, salvação e libertação financeira. Em um país que tem um governo assistencialista e uma população que quer levar vantagem em tudo, tais promessas ou profecias são juntar o útil ao agradável.
Por pensar somente no curto prazo estamos degradando o meio ambiente, multiplicando os assaltos, matando desavergonhadamente no útero materno. Vi um vídeo onde Edir Macedo defende o aborto como programa de planejamento familiar. Trata o aborto como solução para criminalidade e pobreza. Tais posturas somente apontam para o curto prazo. Quem deveria defender a vida a processa, condena e executa sua sentença de morte em menos de sete minutos de vídeo.
Pastores oferecem soluções mágicas para verem suas igrejas cheias e seus caixas abarrotados de dinheiro, pois, assim ganharão prestígio socialmente. Oferecem ocuidade para o vazio do homem. Fazem das pessoas massa de manobra para alcançarem seus objetivos mundanos. Esquecem-se que prestarão contas das almas a Cristo o Senhor. Perderam o temor do Senhor e tratam a Sua Obra como empresas e não como igreja.
O certo é que esta visão de curto prazo não leva lugar algum. Somente aumenta o vazio do homem e fortifica a desesperança já reinante.
Soli Deo Gloria
Pr. Luiz Fernando R. de Souza
Prezado Pr. Luiz Fernando,
ResponderExcluirQuero deixar, aqui, meu depoimento sobre o texto em pauta: EXCELENTE como, aliás o são, os demais que li até agora.
Tomei a liberdade de salvá-lo para, mais tarde, se o irmão me permitir, colocar em meu site -obviamente, com os devidos créditos, como o faço para qualquer material de terceiros que posto em meu blog,como verá, se o visitar, bem como o link para que os que o acessarem, possam ser remetidos ao seu e, aqui, encontrar mais pérolas.
Desde já agradeço por disponibilizar, a todos nós, tão precioso material.
Em Cristo,
Gabriela
Tenho uma ideia triste sobre a situação... Resumo-a assim:
ResponderExcluirSem (ou com pouca) fé + muito conhecimento = conhecimento sem rumo e prática desvairada (exemplo: R. Bultmann)
Com (muita, pouca, o que for) fé + conhecimento superficial = prática totalmente sem direção e conhecimento cada vez mais confuso (exemplo: grande parte da igreja evangélica no Brasil... que imita leão em palcos, vende sal grosso, grita no microfone, leva uma multidão ao transe com suas músicas fortes e emotivas, repete versículos bíblicos e é muito legalista quando convém...).
Tem como piorar? Pior que tem!
abraço anônimo, mas sincero.
Ps. Uma única dificuldade que tive com seu texto: "Como permanecer na liderança aquele que não governou bem sua casa?". Acho a pergunta complicada, pois discernir um bom governo no âmbito íntimo da família não é tarefa fácil para os de fora... quero dizer, em alguns casos, os de fora não têm acesso suficiente para responsabilizar o "líder" pelo problema. Ou achamos que ainda hoje um homem tem domínio total sobre sua família (o que seria bizarro)? Se o filho de um pastor (Que Deus nos livre e guarde!) cometer um crime, o pai deve ser expulso da liderança porque não governou bem sua família? Então, a liderança de um pastor pode estar nas mãos de um adolescente!!!!! Temerário... Em um tempo de domínio patriarcal total, essa ideia de governo (e de responsabilidade do governo) funciona bem, mas nos tempos atuais... pense bem...
Como sempre exelente reflexão.Estamos precisando de bereanos no meio cristão.E de caminharmos contra os padrões do mundo que querem o descartável e fest food.
ResponderExcluirEm Cristo
Andréia
Prezada irmã Gabriela,
ResponderExcluiragradeço seu encorajamento para prosseguir. Quanto a publicar o texto fique a vontade. É um prazer para mim.
Obrigado por sua visita.
Deus a abençoe ricamente.
Em Criusto
Prezada irmã Andréia,
ResponderExcluirrealmente a igreja precisar ser a contra cultura, senão vai se igualar ao mundo e perderá o que melhor tem.
Um abraço
Em Cristo
Prezado Anônimo,
ResponderExcluirsua visita é bem vinda e seus comentários importantes.
Um abraço
Em Cristo
Pr. Luiz Fernando,
ResponderExcluiro problema está totalmente centrado no desprezo à Escritura, na negação dos princípios cristãos, na humanização da igreja [no sentido de que o homem é quem dita as regras], no amor ao pecado e no desprezo a Deus.
Infelizmente, poucas coisas podem ser feitas, além de se proclamar a verdade, o Evangelho, denunciar os erros, como o irmão fez neste texto, e orar para que o Senhor sustente os seus, livrando-os da mentira, do engano, da dissimulação e acomodação em que muitos estão erredados.
Mas também tenho a certeza de que, a igreja verdadeira, aquela pela qual o Senhor Jesus morreu, esta não sucumbirá aos apelos diabólicos, nem se curvará diante do deus deste século. Cristo preservou e preservará o seu povo, pois essa é a promessa que nos deu, e Ele a cumprirá.
Parabéns por mais um post didático, mas sobretudo pastoral. Peço-lhe a autorização para reproduzi-lo em um dos meus blogs.
Cristo o abençoe!
Grande abraço, meu irmão!
Prezado irmão Jorge,
ResponderExcluirrealmente a igreja está mais focada no homem do que e Cristo e as Escrituras perderam seu lugar central nos púlpitos. O irmão como sempre fez um comentário pertinente e factível.
Quanto a publicar em um de seus blogs é uma honra para mim.
Um abraço
Em Cristo
Pr. Luiz Fernando
PAZ E GRAÇA! Como é bom entender que não sou um ET pastoral, ou um fracassado! Pois quero pregar santidade e compromisso com Deus! Mas muitos estão saindo da igreja para ir atrás destes profeteiros miraculosos que não ensinam regeneração ou salvação!
ResponderExcluirUm abraço Amado Pastor, Deus continue te usando para restaurar os padrões espirituais de nossas vidas!
Prezado colega Pr. Josivaldo,
ResponderExcluirrealmente parecemos ET's quando nos voltamos paras doutrinas elementares da Bíblia. O povo está querendo o oba, oba e preterindo a rocha eterna. Nossa função é apontar para Cristo e crermos que o Espírito Santo completará a obra.
Um Grande abraço
Em Cristo
Pastor Amado,
ResponderExcluirA paz
5 - Tenho visto pastores, usando como pavês e broquel o que já está incorporado ao seu glossário de atrocidades contra a Palavra: "Tudo posso naquele que me fortalece" MISERICÓRDIA!!!!
É a proximidade do fim.
Excelente postagem, um truísmo, em se tratando do seu blog.
A paz
Seu conservo
Alberto
Muito bom o texto!A imagem descreve tudo!
ResponderExcluirPAz.....
Pr. Luiz Fernando, A paz..
ResponderExcluirLendo o seu artigo e passando por blogs de vários irmãos, contatamos que a situação chegou a um ponto crítico. Pr. veja esta série de postagens sobre este momento da igreja do irmão Washer.
Grande abs.
http://voltemosaoevangelho.blogspot.com/2009/07/paul-washer-sexta-acusacao_13.html