CRISTIANISMO SEM IGREJA EXISTE?
O tema de hoje está em voga porque encontramos milhares de
cristãos brasileiros soltos sem um vínculo eclesiástico. É uma tendência que
não se dissipará rapidamente, pois vem no bojo do pós-modernismo. O pós-modernismo
tem como fundamento a desconstrução da realidade existente e um questionamento
forte contra a razão, raciocínio lógico e ao mesmo tempo apresenta um forte
apelo ao sentimento, introspecção e percepção interna. Assim, a verdade é
colocada de lado para aceitação de uma verdade subjetiva, intima e pessoal. Desse
modo a realidade da Palavra de Deus é colocada em segundo plano e seus
princípios, gerando uma grande instabilidade na igreja institucionalizada.
Não podemos virar o rosto para o outro lado e dizer que isso
é um modismo e que logo passará. O Dr. Paulo Romiero em seu livro Decepcionados
com a Graça (Sua tese de Doutorado na Universidade Metodista), vai trazer um
termo novo usado pela sociologia e aplicado ao cristão que decepcionado com o
sistema religioso (sua pesquisa para o doutorado foi dentro de três igrejas:
Universal, Internacional da Graça e Renascer em Cristo) é chamado de cristão em
trânsito. Esse cristão decepcionado tem um comportamento bem distinto que poderíamos
resumir em: Continuam cristãos; procuram megas igrejas para não serem notados e
não querem envolvimento com a igreja local. Querem assistir a um culto, ofertar
e vão embora, sempre com a perspectiva de não mexam comigo.
Os motivos que levam à criação da terminologia desigrejados são vários e não temos espaço para descrevê-los em detalhes, mas proporei
alguns.
1 – Decepção com o sistema religioso.
2 – Problemas de relacionamentos.
3 – Esperanças frustradas diante de promessas que nunca
se cumprirão.
4 – Afastamento da Sã Doutrina.
5 – Impessoalidade diante de um enorme contingente de
cristãos sem relacionamentos.
6 – Mega-igrejas que despersonalizam os membros e os
tornam em números ou consumidores.
O amor cristão ou entre os cristãos é a marca da igreja e
esse amor obrigatoriamente não isola o homem, mas o introduz na comunhão dos
santos. Nessa comunhão desagua a vida no Espirito. Cristão isolado é presa
fácil do diabo. Tire um ramo de uma árvore e o coloque ao lado. Ele mesmo ao
lado da árvore, morrerá e será inútil.
Muitos dizem que os cristãos primitivos não tinham
igrejas (templos) ou mesmo eram institucionalizados. Não tinham templos por
serem perseguidos até quase a chegada de Constantino ao trono de Roma e isso lá
pelos idos de 280 A.D. Organizaram-se porque as heresias surgiram rapidamente como
o Montanismo em 150 A.D.
Quais as consequências de um cristianismo sem igreja?
Aponto algumas delas ancorado em um texto do Rev.
Augustus Nicodemos.
1 - Rejeição da cruz – Ausência de sofrimento.
2 - Espiritualidade individualista - Grande parte
da espiritualidade de hoje é voltada principalmente para as experiências
individuais e emocionais.
3 - Rejeição de autoridade - Há gente que não quer
fazer parte da igreja, por não aceitar submeter-se a nenhuma autoridade.
4 - Consumismo da Fé - Muitos hoje veem a igreja,
e o próprio evangelho, como uma mercadoria a ser consumida. Não têm compromisso
e procuram igrejas como um cliente.
A – A própria comunhão dos santos.
B – A Ceia do Senhor.
C – A Disciplina da igreja.
D – A vivência de dons que outros irmãos possuem e
compartilham com a igreja local.
E – A Palavra como instrumento de: Ensino – Correção –
Instrução – repreensão -
Para
que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa
obra.
F – Cobertura Espiritual – O cristão é preservado por estar
alocado o Corpo de Cristo.
G – Heb. 10:25 “Não
deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos
uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia”.
Agora se nos apresenta mais um fator de novidade adentrando no arraial dos cristãos que e o Metaverso. Não é novidade no mundo empresarial este termo, mas o é para igreja. No Metaverso, os cristãos criarão seus avatares e entrarão em um ambiente virtual e verão o pastor pregando. Haverá louvores e pregações normais, mas faltará o contato olho no olho, faltará a administração das ordenanças ou sacramentos, faltará a disciplina eclesiástica, faltará a sinergia dos dons espirituais, diminuirá a autoridade do pastor enfim a igreja será transportada para o mundo virtual. No metaverso ocorrerá a privação da palavra como expressão, pois se hoje os grandes conglomerados como Facebook, Twitter, instagran etc exercem censura, o que esperar quando um grande percentual da igreja estiver no metaverso e as censuras forem praticadas em nome de uma politica interna ou classificarem as pregações como discursos de ódio? Enfim, vamos pensar nestas coisas.
Ainda creio que o congregar é fundamental para a fé cristã. Templo físico não é igreja, mas é o ambiente onde podemos expressar a fé em
união e unidade.
Enfim, esta mentalidade de desigrejados, todos perdem e ninguém ganha nada.
Deus nos abençoe.
SOLI DEO GLORIA
Pr. Luiz Fernando Ramos de Souza
Não existe cristianismo sem igreja, sem comunhão, sem o calor humano......desigrejados ,a última estação para apostasia
ResponderExcluirExcelente texto!!! Vejo vários conhecidos conformados nesta situação.
ResponderExcluirInfelizmente o que vemos, a cada dia, são formas de tirar o cristão do seu ambiente de comunhão com os demais irmãos. A pandemia nos mostrou que o número de participantes nas lives das igreja era bem abaixo da quantidade de participantes nos cultos presenciais. O comodismo tomou conta do mundo: é o carro que não necessita que façamos a troca de marcha, o controle remoto da tv ... e assim estamos chegando na comodidade de ficarmos em casa e participando do culto. Alguns cardumes no mar se protegem de ataques de seus predadores mantendo a união, ficando o mais próximos uns dos outros. Com os cristãos estamos caminhando no sentido oposto. O pastor está ficando com papel secundário. Nunca foi tão fácil simplesmente trocar o Pastor por outro mais "sensível" à realidade vivida pela membresia. Não se houve mais falar nos púlpitos sobre a realidade do inferno e todas aquelas categorias elencadas pelas sagradas escrituras, cujos praticantes já estão com seu destino selado e não é ao lado de nosso Senhor e Salvador. "Muitos dirão a mim naquele dia: ‘Senhor, Senhor! Não temos nós profetizado em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome, não realizamos muitos milagres?’ Então lhes declararei: Nunca os conheci. Afastai-vos da minha presença, vós que praticais o mal." Evangelho de Mateus capítulo 7, versículos 22 e 23. Quem em nossas igrejas estão dispostos a ouvir tal pregação? Pr. Murilo Moura
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