05 maio 2022

CRISTIANISMO SEM IGREJA EXISTE?


 CRISTIANISMO SEM IGREJA EXISTE?

O tema de hoje está em voga porque encontramos milhares de cristãos brasileiros soltos sem um vínculo eclesiástico. É uma tendência que não se dissipará rapidamente, pois vem no bojo do pós-modernismo. O pós-modernismo tem como fundamento a desconstrução da realidade existente e um questionamento forte contra a razão, raciocínio lógico e ao mesmo tempo apresenta um forte apelo ao sentimento, introspecção e percepção interna. Assim, a verdade é colocada de lado para aceitação de uma verdade subjetiva, intima e pessoal. Desse modo a realidade da Palavra de Deus é colocada em segundo plano e seus princípios, gerando uma grande instabilidade na igreja institucionalizada.

Não podemos virar o rosto para o outro lado e dizer que isso é um modismo e que logo passará. O Dr. Paulo Romiero em seu livro Decepcionados com a Graça (Sua tese de Doutorado na Universidade Metodista), vai trazer um termo novo usado pela sociologia e aplicado ao cristão que decepcionado com o sistema religioso (sua pesquisa para o doutorado foi dentro de três igrejas: Universal, Internacional da Graça e Renascer em Cristo) é chamado de cristão em trânsito. Esse cristão decepcionado tem um comportamento bem distinto que poderíamos resumir em: Continuam cristãos; procuram megas igrejas para não serem notados e não querem envolvimento com a igreja local. Querem assistir a um culto, ofertar e vão embora, sempre com a perspectiva de não mexam comigo.

Os motivos que levam à criação da terminologia desigrejados são vários e não temos espaço para descrevê-los em detalhes, mas proporei alguns.

1 – Decepção com o sistema religioso.

2 – Problemas de relacionamentos.

3 – Esperanças frustradas diante de promessas que nunca se cumprirão.

4 – Afastamento da Sã Doutrina.

5 – Impessoalidade diante de um enorme contingente de cristãos sem relacionamentos.

6 – Mega-igrejas que despersonalizam os membros e os tornam em números ou consumidores.

 A fé cristã, por excelência, é uma expressão de vida, que em seu cerne, tem como princípio a comunhão. Todo o Novo Testamento direciona os cristãos para uma *viva comunhão*. O Dr. Elton Trueblood, em seu livro “La Iglesia: Um Compañerismo Incendiário”, nos diz que a força da igreja está na comunhão vivificadora entre os cristãos e está baseada na Palavra e no Espírito. Diz também que o companheirismo cristão é altamente explosivo em um mundo desagregado.

O amor cristão ou entre os cristãos é a marca da igreja e esse amor obrigatoriamente não isola o homem, mas o introduz na comunhão dos santos. Nessa comunhão desagua a vida no Espirito. Cristão isolado é presa fácil do diabo. Tire um ramo de uma árvore e o coloque ao lado. Ele mesmo ao lado da árvore, morrerá e será inútil.

Muitos dizem que os cristãos primitivos não tinham igrejas (templos) ou mesmo eram institucionalizados. Não tinham templos por serem perseguidos até quase a chegada de Constantino ao trono de Roma e isso lá pelos idos de 280 A.D. Organizaram-se porque as heresias surgiram rapidamente como o Montanismo em 150 A.D.

Quais as consequências de um cristianismo sem igreja?

Aponto algumas delas ancorado em um texto do Rev. Augustus Nicodemos.

1 - Rejeição da cruz – Ausência de sofrimento.

2 - Espiritualidade individualista - Grande parte da espiritualidade de hoje é voltada principalmente para as experiências individuais e emocionais.

3 - Rejeição de autoridade - Há gente que não quer fazer parte da igreja, por não aceitar submeter-se a nenhuma autoridade.

4 - Consumismo da Fé - Muitos hoje veem a igreja, e o próprio evangelho, como uma mercadoria a ser consumida. Não têm compromisso e procuram igrejas como um cliente.

 Quando um cristão rejeita a comunhão da igreja ele deixa de participar de algumas coisas que somente uma reunião dos salvos proporciona:

A – A própria comunhão dos santos.

B – A Ceia do Senhor.

C – A Disciplina da igreja.

D – A vivência de dons que outros irmãos possuem e compartilham com a igreja local.

E – A Palavra como instrumento de: Ensino – Correção – Instrução – repreensão -

Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.

F – Cobertura Espiritual – O cristão é preservado por estar alocado o Corpo de Cristo.

G – Heb.  10:25 “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia”.

Agora se nos apresenta mais um fator de novidade adentrando no arraial dos cristãos que e o Metaverso. Não é novidade no mundo empresarial este termo, mas o é para igreja. No Metaverso, os cristãos criarão seus avatares e entrarão em um ambiente virtual e verão o pastor pregando. Haverá louvores e pregações normais, mas faltará o contato olho no olho, faltará a administração das ordenanças ou sacramentos, faltará a disciplina eclesiástica, faltará a sinergia dos dons espirituais, diminuirá a autoridade do pastor enfim a igreja será transportada para o mundo virtual. No metaverso ocorrerá a privação da palavra como expressão, pois se hoje os grandes conglomerados como Facebook, Twitter, instagran etc exercem censura, o que esperar quando um grande percentual da igreja estiver no metaverso e as censuras forem praticadas em nome de uma politica interna ou classificarem as pregações como discursos de ódio? Enfim, vamos pensar nestas coisas.

Ainda creio que o congregar é fundamental para a fé cristã. Templo físico não é igreja, mas é o ambiente onde podemos expressar a fé em união e unidade.  

Enfim, esta mentalidade de desigrejados, todos perdem e ninguém ganha nada.

Deus nos abençoe.

SOLI DEO GLORIA

Pr. Luiz Fernando Ramos de Souza

 

3 comentários:

  1. Não existe cristianismo sem igreja, sem comunhão, sem o calor humano......desigrejados ,a última estação para apostasia

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  2. Excelente texto!!! Vejo vários conhecidos conformados nesta situação.

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  3. Infelizmente o que vemos, a cada dia, são formas de tirar o cristão do seu ambiente de comunhão com os demais irmãos. A pandemia nos mostrou que o número de participantes nas lives das igreja era bem abaixo da quantidade de participantes nos cultos presenciais. O comodismo tomou conta do mundo: é o carro que não necessita que façamos a troca de marcha, o controle remoto da tv ... e assim estamos chegando na comodidade de ficarmos em casa e participando do culto. Alguns cardumes no mar se protegem de ataques de seus predadores mantendo a união, ficando o mais próximos uns dos outros. Com os cristãos estamos caminhando no sentido oposto. O pastor está ficando com papel secundário. Nunca foi tão fácil simplesmente trocar o Pastor por outro mais "sensível" à realidade vivida pela membresia. Não se houve mais falar nos púlpitos sobre a realidade do inferno e todas aquelas categorias elencadas pelas sagradas escrituras, cujos praticantes já estão com seu destino selado e não é ao lado de nosso Senhor e Salvador. "Muitos dirão a mim naquele dia: ‘Senhor, Senhor! Não temos nós profetizado em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome, não realizamos muitos milagres?’ Então lhes declararei: Nunca os conheci. Afastai-vos da minha presença, vós que praticais o mal." Evangelho de Mateus capítulo 7, versículos 22 e 23. Quem em nossas igrejas estão dispostos a ouvir tal pregação? Pr. Murilo Moura

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