CANIBALISMO
ECLESIÁSTICO
A busca
alucinante por crescimento a qualquer custo tem levado igrejas e pastores a
ultrapassarem limites sadios de convivência. Se observarmos o meio
neopentecostal isso é vivido escandalosamente. Abrem igrejas divididas por
paredes sem o menor constrangimento, buscando somente, creio eu, aumento de
receita e nada mais. Ainda por cima abusam de faixas, som alto, panfletagem
etc. como meios de divulgação poluindo o ambiente de todas as formas.
Parece-me
que as grandes igrejas adotaram o mesmo comportamento e falo de igrejas que
sustentam placas de igrejas históricas, o que na verdade já deixaram de ser a
muito tempo. Entendem que podem e devem invadir espaços ocupados por igrejas
coirmãs, sem o menor constrangimento levando assim a uma divisão do “Reino de Deus”.
Chegam com todo aparato possível, estruturas diversas e impõem sua marca como
detentora do mercado. Como corolário esvaziam igrejas menores que veem lutando
há anos para levar o evangelho onde estão plantadas, piorando a vida dos
colegas pastores e suas famílias. Na verdade não se preocupam com “Reino de
Deus”, mas com os seus deuses que são seus próprios ventres.
Lembro-me de
ter participado de uma palestra no final do curso de Pós Graduação em
Administração Financeira em uma Instituição liga à PUCMINAS, onde o palestrante
dono de uma gigantesca locadora de veículos disse: “No ano tal tínhamos X
concorrentes menores, como queríamos dominar o mercado mandei quebrar 50%
delas. Alguém perguntou como vocês fizeram isso? Ele simplesmente respondeu:
Segurei os meus preços por seis meses. Como a inflação estava altíssima os
concorrentes não aguentaram e quebraram”. Isso é concorrência predatória no
mercado capitalista que vemos em todo momento acontecer. Esse mesmo canibalismo
capitalista entrou no meio eclesiástico. Sem o menor pudor e ética, pastores
das grandes igrejas praticam tal canibalismo simplesmente quebrando as igrejas
menores em nome de Deus. Abrem filiais das igrejas mães em frente de igrejas
coirmãs e assim roubam membros de outras igrejas, literalmente quebrando essas
menores. Essa megalomania se apresenta como distúrbio emocional e espiritual.
Vale lembrar que a soberba precede a queda. Muitos pastores abdicaram de seus
ministérios para se juntar a essas estruturas desumanizantes e se perderam no meio
de milhares de membros em troca de uma pseudo-estabilidade. Para mim tais pastores nunca foram pastores,
mas fracassados que abdicaram da vida pelo vil metal. Procuram um evangelho sem
dor, ideal e sofrimento para viverem uma espiritualidade infantil e doentia que não
exige nada e ainda por cima dizem que são pastores de tal e tal igreja, Comem sardinha e arrotam camarão. São pastores de ninguém e de nada.
O que chama atenção é
que quando questionados porque abriram igrejas em frente ou perto de igrejas
coirmãs tais líderes enfatuados de suas arrogâncias dizem de boca cheia: “É uma
visão que Deus no deu e estamos seguindo esta visão, nada pode ser feito”.
Gostaria de perguntar se tais líderes vivessem o lado oposto da moeda como
reagiriam? Diriam amém para tal atrocidade ou sentiriam na pele o desgaste?
Olhariam para suas famílias com alegria e diriam: veja como o “Reino de Deus”
caminha em harmonia, tudo está bem. Creio que chorariam amargamente vislumbrando
a possiblidade de anos de trabalho serem anulados e a tragédia batendo à suas
portas. Tais líderes megalomaníacos olham de cima para baixo e não conseguem
enxergar nada e nem ninguém, a não ser eles mesmos. Mas
que visão é essa que Deus deu que fere frontalmente a Sua Palavra? Que
procedimento é esse que despreza a nossa regra de fé e prática? Lembro-me do
apóstolo Paulo ao dizer em II Cor. 8:1-6 do exemplo das igrejas de Macedônia
que se alinharam com as necessidades do crentes pobres da Judéia. Além de
dinheiro doaram a si mesmos com amor. Aqui prevaleceu o princípio da ajuda
mutua e da colaboração. Esse é o padrão bíblico e o mais saudável e nunca o
canibalismo eclesiástico. Por outro lado vale questionar
se essa visão de crescimento a qualquer custo vem de Deus mesmo ou de outro
deus qualquer? Tais líderes, por viverem uma espiritualidade doentia e
distorcida, esquecem-se que essa pseudo-visão é antiética e que o Deus da
Bíblia é extremante ético. Esquecem-se que uma casa dividida não subsiste. Esquecem-se
que melhor é servir do que possuir. Esquecem-se que a derrocada do pequeno não
engradece o grande. Tais líderes me fazem lembrar David quando quis possuir Bate-Seba. Precisou destruir uma família para tentar construir
a sua. Nenhuma estrutura construída em cima e à custa das cinzas de outra tem
valor ou deixa um legado que será lembrado com alegria. Tais líderes ainda
encontrarão seus Natãs que lhe dirão: “Esse homem és tu”.
Somente tenho que
lamentar tais posturas canibalísticas que copiam desavergonhadamente o padrão
do mundo invadam a igreja do Senhor. Lamento que quem pratica esse canibalismo atribua essa visão a Deus. Lamento
pelos colegas que passam por tais desgastes não terem a quem recorrer dentro
das estruturas que servem, pois tais estruturas são geridas por homens que
borram as botas diante dos grandes.
I Pe. 4:17 “Porque já é tempo que
comece o julgamento pela casa de Deus...
A ESPERANÇA ESTÁ EM
DEUS.
Soli Deo Gloria
Pr. Luiz Fernando R. de Souza
Lúcido e coerente como sempre meu dileto amigo. Não nos esquecendo nunca da máxima que aprendemos das Escrituras Sagradas, com o apóstolo Paulo, que o esforço é para anunciar a Cristo aonde seu Nome ainda não fora conhecido.
ResponderExcluirVerdade Rev. Luciano. O pensamento de Paulo precisa ser resgatado urgentemente em nosso meio. Um forte abraço.
ExcluirPastor Luiz Fernando a paz do senhor excelente texto.Não te conheço pessoalmente mais sim através do irmão Flávio.Sei que pregas a graça de cristo Jesus.Gostaria de saber se o pastor tem algum estudo sobre o livro de Daniel.Ou algum livro que pode me indicar.Que o senhor Jesus continue abençoar seu ministério.O ministério de cruz de redenção.Onde nossa riqueza e cristo .
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