12 fevereiro 2015

PAIS RELAPSOS + FILHOS MIMADOS = TRAGÉDIA!



Na semana passada o Papa Francisco foi criticado sobre a palmada: “Um bom pai sabe esperar e perdoar, mas também corrigir com firmeza. Não é nem fraco nem permissivo, nem sentimental” (FOLHA, 06/02/2015). Os críticos afirmam que não devemos tolerar nenhum tipo de violência contra as crianças. Todavia, há uma diferença clara entre disciplina e violência. Não podemos considerar uma palmada como violência, mas uma disciplina necessária, pois a criança precisa de limites. Negar esses limites é negar o amor para os filhos. Os críticos são contra a palmada porque eles imaginam que seja algo arcaico, que poderia trazer danos físicos e psicológicos.

Entretanto, os críticos são no mínimo irreais, para não dizer tolos. Não existem criança e educação ideal; na realidade é muito difícil educar filhos. Existe uma cultura permissiva que ataca nossos filhos diariamente, vozes que querem dar mais direitos que deveres; além disso, há uma falta de preparo dos pais, ataques feitos contra a família e contra a infância, tentando transformar nossos filhos em miniadultos. Como pais (eu e minha esposa) de três meninos não temos dúvidas de que nossos filhos são pecadores e que trazem consigo um senso natural de rebeldia que precisa de disciplina firme, educação constante e amor para forjar no futuro homens responsáveis, maduros e que saibam de seus limites.

O problema é que estamos vivendo uma equação perigosa que persiste há muitos anos em nosso país através de uma “psicologia permissiva”. Sim, os pais vivem uma crise de identidade e não sabem desenvolver uma paternidade sadia e responsável, não sabem colocar limites e muitas vezes lançam sobre os pequenos desejos e anseios pessoais. Além desse despreparo – que vem da falta de referenciais anteriores – ainda por cima há muitos que confundem amor com permissividade, bondade com aceitação incondicional e educação com terceirização. Sim, muitos pais estão atribuindo suas responsabilidades a terceiros, sejam os avós, a escola ou o Estado. Por quê? Porque o sistema capitalista tem transformado os indivíduos em escravos e os pais se sentem pressionados a dar a melhor educação, a melhor saúde e as melhores condições para os filhos, já que o Estado não faz a sua parte. Isso implica em pais com mais tempo fora de casa e que não acompanham o desenvolvimento de seus filhos.

Isso se agrava quando os pais mimam seus filhos e se submetem aos desejos infantis sem nenhum questionamento. Sem que percebam estão moldando pessoas que no futuro serão egoístas, insensíveis e verdadeiros tiranos que vão exigir dos outros toda atenção e exclusividade. Crianças mimadas serão jovens decepcionados e adultos inseguros e ansiosos. Vivemos a tragédia de ter crianças opressoras, adolescentes hedonistas e desorientados, pais embasbacados e uma sociedade à deriva.

O que fazer? Seguir a orientação de Deus, ler o Manual do Fabricante, que é a Bíblia. A Escritura diz primeiramente que os filhos são uma herança do Senhor dada aos pais (cf. Salmo 127:3); os pais precisam entender que se tem nas mãos essa riqueza, são eles os responsáveis quanto ao ensino (cf. Deuteronômio 6:7,20; 21:19), o treino (Provérbios 22:6), a provisão (2Coríntios 12:14), a criação (Efésios 6:4; Colossenses 3:21), a disciplina (1Timóteo 3:4,12) e o amor (Tito 2:4).

Em segundo lugar, a Bíblia diz que os filhos precisam ser disciplinados. Essa disciplina jamais deve ser feita com rancor ou ódio, mas sempre visando o bem-estar da criança e seu crescimento pessoal. O estabelecimento de limites claros e de uma disciplina rígida devem ser acompanhados de conversa, amor, respeito mútuo, mas também de uma palmada na hora certa. A Bíblia é clara quando diz: “Odeia seu filho quem o poupa da vara, mas quem o ama o castiga no tempo certo” (Provérbios 13:24). Qual o foco aqui? Não é o castigo, mas a atitude do pai; não disciplinar no tempo certo implica em falta de amor. E qual o é o tempo certo? No exato momento em que a criança desobedece. A vara – do hebraico shevet – simboliza a disciplina, que pode ser uma repreensão verbal ou algum castigo físico. Literalmente o texto diz: “Aquele que retém a vara odeia seu filho; e ama o que deseja discipliná-lo”.

Sim, a Escritura diz: “Corrige teu filho enquanto há esperança, mas não chegues a ponto de matá-lo” (Provérbios 19:18). Perceba que a Bíblia é contrária à violência gratuita. A correção visa ensinar a criança, pois ela não sabe das coisas; aliás, a criança é naturalmente egoísta, autocentrada e controladora. Por isso mesmo precisa das barreiras de recalcamento, precisa ser freada em seus desejos e aprender que nada é como queremos. Mas faça isso logo, pois depois pode ser tarde. É melhor a criança ser disciplinada pelos pais do que pela polícia amanhã. Por isso Deus nos diz: “A tolice está ligada ao coração da criança, mas a vara da correção a livrará dela” (Provérbios 22:15).

Por isso agradeço cada correção que recebi de meus pais, cada varada e chinelada. Isso não me fez alguém pior nem com ressentimento. Sempre vi em cada correção o amor e o cuidado de meus pais; eles me ensinaram o respeito aos outros, a paciência de esperar o tempo certo das coisas e o valor da disciplina. Creio firmemente naquilo que diz a Bíblia: “Não retires a disciplina da criança, pois, se a castigares com a vara, ela não morrerá. Castigando-a com a vara tu a livrarás da sepultura” (Provérbios 23:13,14).

Sejamos sinceros! Não há infância nem crianças perfeitas. Tiremos da mente a visão neurótica de que pais perfeitos são os que nunca ficam zangados com os filhos; reconheçamos que as crianças têm seus erros, limites e falhas. Sim, elas muitas vezes trazem a tona o pior que há em nós adultos. Como pais, sejamos responsáveis, assumindo a tarefa que ninguém poderá fazer.
Gilson Souto Maior Junior, Pastor Sênior da Igreja Batista do Estoril.

Soli Deo Gloria

Pr. Luiz Fernando Ramos de Souza

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